sábado, 13 de novembro de 2010

"O que não me mata, me fortalece"

A frase do título é de um dos meus filósofos favoritos, Friedrich Nietzsche. Para mim, que estou em um momento assim, de superação e combate comigo mesma, esse pensamento cai redondo. Não sei dizer o que tenho, se é depressão, se são os problemas, se é stress, se são muitos compromissos a serem cumpridos... Não sei, talvez tudo isso, talvez nada disso. O que sei é que estou aqui, de um jeito ou de outro, estou aqui. Passando por determinados momentos, mas estou aqui. Ainda estou aqui. E se resisti até aqui, se não morri, sei que vou juntando forças para, através das dificuldades, ficar mais forte. Ficando mais forte, poderei enfrentar batalhas cada vez mais difíceis. Enfrentando essas guerrilhas, poderei vencê-las. A possibilidade do ganho caminha junto com a da perda. E na medida que fico mais forte, mais desafios poderão ser cumpridos. Assim, me dou conta que sou capaz de qualquer coisa, que não há limites pro que se possa conquistar, pro que se possa lutar. Os combates são necessários e não temos como fugir deles. Em um combate, podemos sofrer, podemos sair feridos, mas alguma coisa aprenderemos, nem que seja a nos fortalecermos para a próxima batalha.

Uma das minhas bandas favoritas, que tem sido minha atual trilha sonora, o U2, tem uma música que fala exatamente sobre isso, sobre estar preso em um momento achando que ele não passa, que ele é eterno e que não conseguiremos superá-lo. A música chama-se Stuck in a moment you can't get of. A canção fala assim:

Eu não tenho medo de nada neste mundo
Não há nada que você possa me dizer que eu não tenha ouvido antes
Eu só estou tentando achar uma melodia decente
Uma canção que eu possa cantar em minha companhia

Eu nunca achei que você fosse boba
Mas querida, olhe para você
Você tem que se levantar, carregar seu próprio peso
Estas lágrimas não vão a lugar algum, baby

Você tem que se endireitar
Você se prendeu em um momento e agora você não pode sair dele
Não diga que depois vai estar melhor agora que você está presa em um momento
E você não pode sair dele

Eu não irei abandonar, as cores que você traz
Mas as noites que você encheu de fogos de artifício
Eles a deixaram vazia
Eu ainda estou encantado com a luz que você trouxe a mim
Eu ainda ouço por seus ouvidos, e por seus olhos posso ver

E você é tal boba
Por se preocupar dessa maneira
Eu sei que é difícil, e você nunca tem o bastante
Do que você não precisa realmente agora... meu oh meu

Você tem que se endireitar
Você se prendeu em um momento e agora você não pode sair dele
Oh amor olhe para você agora
Você se tem prendido em um momento e agora você não pode sair dele

Eu estava inconsciente, meio adormecido
A água está morna até que você descubra como é profunda...
Eu não estava pulando... para mim era uma queda
É uma longa descida até o nada

Você tem que se endireitar
Você se prendeu em um momento e agora você não pode sair dele
Não diga que depois vai estar melhor agora
Você está preso em um momento e você não pode sair dele

E se a noite corresse acima
E se o dia não durasse
E se nosso caminho devesse hesitar
Ao longo da passagem pedregosa

E se a noite corresse acima
E se o dia não durará
E se nosso caminho devesse hesitar
Ao longo da passagem pedregosa
É apenas um momento
Esse tempo irá passar.
(Bono e The Edge)


Lindo, não?! E , mais do que lindo, verdadeiro. Nada é permanente. Heráclito já dizia que tudo flui. E assim é. Tudo passa. A vida tem um quê de dialética: precisamos partir de nossas teses, até nossas antíteses, até chegarmos a uma síntese. Ou seja, precisamos nos confrontar, nos destruir, nos reconstruir, para um dia chegarmos mais fortes no fim disso tudo. Mais fortes e mais sintetizados. Mais plenos, digamos assim. As coisas boas passam. E as difíceis também. Ao menos eu espero...

Esses dias vi um trecho de Caio Fernando Abreu publicado por uma grande amiga minha no Facebook dela, a Ana. Tem tudo a ver com esse meu momento. Diz assim:

"Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? O verão está aí, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada 'impulso vital'. Pois esse impulso às vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te surpreenderás pensando algo assim como 'estou contente outra vez'"
(Caio Fernando Abreu)

E, para concluir a postagem, já que iniciei meus pensamentos com Nietzsche, concluo com outra frase dele também. Diz assim:

"É preciso ter o caos dentro de si para dar luz a uma estrela bailarina"

E assim vou eu pela vida, em procura de minha estrela dançante...