Li esses dias no jornal Folha de São Paulo uma declaração da maravilhosa Lygia Fagundes Telles, dizendo "Sou da idade da pedra lascada. A velhice é um horror. Eu era uma jovem tão bonita. Mas para não envelhecer você tem que morrer jovem. E ninguém quer morrer jovem."
Daí, eu, com a plenitude de meus trinta anos, fiquei pensando e admirando a sabedoria desta escritora. O que ela fala é simples e lógico: ninguém, exceto os suicidas e os depressivos, quer morrer jovem. Quando isso acontece, é uma tragédia, é contra as leis da natureza. "Ninguém quer a morte, só saúde e sorte", como diria Gonzaguinha. Todos nós queremos viver. E viver requer envelhecimento.
Não que eu esteja me sentindo velha, não é isso. Pelo contrário, estou numa fase ótima, em que me conheço melhor e sinto a reallização de coisas que até então não estavam em meu alcance. Simplesmente admirei profundamente a visão realista de Lygia. Ela está com 87 anos e segue ativa, no momento reeditando sua obra. Vejo ela como um exemplo de alguém que está viva e não apenas respirando. Diz ela "só não morri por causa da literatura". E é verdade, a vida para ela tem um sentido, tem um porquê.
Daí, fico pensando no quanto gastamos com cremes rejuvenecedores, com roupas modernas e fórmulas milagrosas que prometem que possamos ficar magras, esbeltas e jovens. Pois bem, na verdade tudo isso não passa de um invólucro, uma embalagem que passamos para outros. Uma imagem que queremos vender, não importa pra quem. Nisso eu também não me escapo, é claro que quero preservar minha imagem e aparecer bem na foto. "Sou humano e nada do que é humano me é estranho", sábias palavras de Terêncio. Desde os primórdios os homens almejam uma fonte da juventude. Por quê? Porque juventude tem muito a ver com estética também.
Fora isso, vivemos em uma sociedade em que as pessoas de uma certa idade já não tem muito valor. Fica mais difícil conseguir um emprego e ter seus direitos preservados. E os aposentados então? Aqui em Pelotas o que vejo são idosos aglomerados nos transportes urbanos, mofando em filas de atendimento de saúde... Fora o baixíssimo rendimento que o nosso governo os paga para que possam comprar remédios, se alimentar, pagar suas contas e... viver! Irônico, não?
Pois é... pra quem lê hoje pode parecer um assunto isolado e distante de seu cotidiano. Todavia, até quando? Será que daqui a uns 20, 30 anos este assunto não lhe será mais familiar? Porque o tempo passa - e passa igual para todos. E se não podemos lutar contra o tempo, se não podemos ir contra as leis da natureza, que sejamos amigos dele então! Que possamos traçar um contrato com ele, que o respeitemos e que ele nos respeite. Eu assino embaixo deste contrato, esperando que o tempo também faça sua assinatura. Com registro em cartório e firma reconhecida, como diria o velho Vinícius de Moraes. Respeitar o tempo implica em aceitá-lo, conviver com sua presença e não ignorá-lo. Talvez assim o tempo nos gratifique com um corpo menos doente, com uma mente mais atualizada, com ideias novas e menos cansadas e com mais, muito mais, sempre mais VIDA!
P.S.: Caetano tem uma linda oração sobre o tempo em forma de canção. Vale a pena apertar play!
Daí, eu, com a plenitude de meus trinta anos, fiquei pensando e admirando a sabedoria desta escritora. O que ela fala é simples e lógico: ninguém, exceto os suicidas e os depressivos, quer morrer jovem. Quando isso acontece, é uma tragédia, é contra as leis da natureza. "Ninguém quer a morte, só saúde e sorte", como diria Gonzaguinha. Todos nós queremos viver. E viver requer envelhecimento.
Não que eu esteja me sentindo velha, não é isso. Pelo contrário, estou numa fase ótima, em que me conheço melhor e sinto a reallização de coisas que até então não estavam em meu alcance. Simplesmente admirei profundamente a visão realista de Lygia. Ela está com 87 anos e segue ativa, no momento reeditando sua obra. Vejo ela como um exemplo de alguém que está viva e não apenas respirando. Diz ela "só não morri por causa da literatura". E é verdade, a vida para ela tem um sentido, tem um porquê.
Daí, fico pensando no quanto gastamos com cremes rejuvenecedores, com roupas modernas e fórmulas milagrosas que prometem que possamos ficar magras, esbeltas e jovens. Pois bem, na verdade tudo isso não passa de um invólucro, uma embalagem que passamos para outros. Uma imagem que queremos vender, não importa pra quem. Nisso eu também não me escapo, é claro que quero preservar minha imagem e aparecer bem na foto. "Sou humano e nada do que é humano me é estranho", sábias palavras de Terêncio. Desde os primórdios os homens almejam uma fonte da juventude. Por quê? Porque juventude tem muito a ver com estética também.
Fora isso, vivemos em uma sociedade em que as pessoas de uma certa idade já não tem muito valor. Fica mais difícil conseguir um emprego e ter seus direitos preservados. E os aposentados então? Aqui em Pelotas o que vejo são idosos aglomerados nos transportes urbanos, mofando em filas de atendimento de saúde... Fora o baixíssimo rendimento que o nosso governo os paga para que possam comprar remédios, se alimentar, pagar suas contas e... viver! Irônico, não?
Pois é... pra quem lê hoje pode parecer um assunto isolado e distante de seu cotidiano. Todavia, até quando? Será que daqui a uns 20, 30 anos este assunto não lhe será mais familiar? Porque o tempo passa - e passa igual para todos. E se não podemos lutar contra o tempo, se não podemos ir contra as leis da natureza, que sejamos amigos dele então! Que possamos traçar um contrato com ele, que o respeitemos e que ele nos respeite. Eu assino embaixo deste contrato, esperando que o tempo também faça sua assinatura. Com registro em cartório e firma reconhecida, como diria o velho Vinícius de Moraes. Respeitar o tempo implica em aceitá-lo, conviver com sua presença e não ignorá-lo. Talvez assim o tempo nos gratifique com um corpo menos doente, com uma mente mais atualizada, com ideias novas e menos cansadas e com mais, muito mais, sempre mais VIDA!
P.S.: Caetano tem uma linda oração sobre o tempo em forma de canção. Vale a pena apertar play!
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