sábado, 28 de novembro de 2009

Sons da alma



Não me canso de assistir esse vídeo e nem de ouvir esta música... Sinto um prazer enorme ao escutar o som do U2, com sua linda One tocando em meus ouvidos. Essa, assim como tantas outras, mostram um pouco de mim, um pouco pela melodia, outro pela letra, outro pela interpretação do cantor... Enfim, às vezes penso um pouco sobre isso, sobre como existem sons, cheiros, imagens e expressões com as quais a gente se sintoniza e traduzem nossas almas... Poderia citar várias coisas, mas a música tem esse caráter especial. Muito mais do que uma simples expressão matemática e física, com uma música somos capazes de fecharmos os olhos e viajarmos para tempos distantes, criando uma manifestação da memória que nenhum outro estímulo é capaz de dar... Ah, e como é bom reviver... Porque lembrar de certa forma é viver novamente...Também através dela podemos sonhar, vislumbrar dias e momentos possíveis... Além de, claro, nos proporcionar o prazer da dança, do movimento e do embalo para a alma. Quantas histórias começaram com uma simples música... Algumas acalmam, outras agitam, outras mexem com as emoções e outras mostram a nossa cara, a nossa subjetividade... Nenhuma outra coisa nos aproxima tanto de nossa essência, daquilo que verdadeiramente somos. E mais: músicas marcam. Marcam amores, fases, conquistas e histórias de vidas... E será que as percebemos da mesma forma? Será que o que eu sinto outra pessoa sente da mesma maneira e com a mesma intensidade?
Pudera eu ser como uma música... Ser em alguns momentos louca como as músicas de Raulzito Seixas e dos Mutantes, sublime como as canções de Vinícius de Moraes e Tom Jobin, emotiva como as interpretações da Elis Regina e profunda como as melodias de Loreena Mckennitt e Enya... Ah, poder dançar, comover, embalar paixões... Também trazer a tona tristezas e nostalgias... Ter o dom de fazer reviver momentos, despertar sentimentos... Mas simplesmente tocar a alma... Pudera!!! E você? Se fosse uma música, que som você seria?

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Maternidade moderna

Indiscutivelmente nada se compara ao prazer de ser mãe... Várias e várias vezes em meus dias me pego pensando na minha situação de mãe, em que tipo de mãe eu sou, que tipo de mãe eu gostaria de ser, etc, etc, etc...Quero indiscutivelmente dar o meu melhor para o meu filho. Quero que ele veja em mim a minha parte mais doce, mais suave e mais alegre. Mas também tenho que impor limites e mostrar minha parte respeitável, e às vezes, dura e severa. E não é nem um pouco fácil essa tarefa. Em meio a maternidade, ainda tem uma mulher escondida, uma profissional, uma estudante, uma filha e um ser humano. Já tive que conciliar mamadeiras e fraldas com a escrita de um TCC e que deixá-lo chorando para ir ao trabalho e na frente de uma televisão para que eu possa descansar uns minutinhos... Depois de situações como essa, vem uma certa culpa de não dar o meu todo e me questiono se essa maternidade moderna realmente é melhor do que a maternidade da época das nossas avós, que podiam se doar aos seus filhos, cuidar da casa e ainda ter um tempinho para preparar alguma gostosura na cozinha... Hoje em dia, depois de tantas e tantas lutas, a mulher conseguiu seu espaço na sociedade. Conseguiu, mas a que custo? A um custo de aumentar em 100% as suas atividades enquanto os homens continuam na mesma. À mulher cabe a atividade doméstica, maternal, estudantil e profissional, enquanto aos homens, com raras excessões, cabem apenas às duas últimas. E assim a vida segue: acorda cedo, arruma a casa, dá banho no filho, prepara o almoço, vai trabalhar, tem que estudar também, pra tentar fazer mestrado e doutorado e, um dia quem sabe, descansar um pouco, ir em uma palestra, se atualizar, acrescentar dados no Lattes, chegar em casa, brincar, ler uma história e dormir com aquele ser pelo qual se faz tudo isso...

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Metamorfose

Alguém um dia avisou você quando se dariam as transições na sua vida? Por exemplo, hoje você não é mais criança, já tem que se comportar como um adolescente. Ou ainda, acabou o seu tempo de ser jovem, agora é a sua vez de ser um adulto de verdade... Pois é, tudo tão sutil... Certamente ninguém deve ter lhe avisado. Um dia somos uma coisa, outro dia somos outra. Um dia você ainda é o queridinho da mamãe, em outro você é quem tem que cuidar de tudo, tudo depende única e exclusivamente só de você. Creio que seja isto a tão falada responsabilidade, se tornar alguém responsável por coisas, por outros e por você mesmo. Só que esta tal responsabilidade dá também um medo... medo de não conseguir dar conta do recado, de esquecer-se de você ou ainda de não conhecer e saber quem é esta outra pessoa desconhecida que você está se tornando... Mais uma fase da vida... tudo é experiência. Saber que tudo é transitório nos momentos ruins dá uma certa sensação de conforto, pois estamos sempre em constante mutação, então, desta forma, se hoje me sinto com todo peso do mundo em minhas costas, certamente haverá um amanhã em que estarei tão leve quanto um pluma, flutuando pelo ar. E, por outro lado, se hoje tenho um dia colorido e extremamente maravilhoso, amanhã poderão vir nuvens e tempestades. Daí a necessidade de se aproveitar cada minuto, cada instante de felicidade e de ter a sabedoria de ter paciência quando os maus momentos aparecem. E nisto a vida segue imensamente maravilhosa: tal como uma lagarta que se transforma em uma linda borboleta, estamos nós, sempre com novas possibilidades de metamorfoses, transições e transformações. C'est la vie!

domingo, 15 de novembro de 2009

Marley e eu

Recentemente terminei a leitura do bestseller de John Grogan, intitulado Marley e eu: a vida e o amor ao lado do pior cão do mundo. Assisti também ao filme de título homônimo e achei bem fiel ao livro, com excessão, como sempre, de alguns cortes para devida adaptação para o roteiro de cinema.
Ao contrário do que muitas pessoas pensam, ao ter uma primeira impressão sobre a obra, o livro não é apenas mais um livro bobo que conta a simples história de um cachorro. Confesso que, inicialmente, eu também pensei que fosse. Mas, como eu estava atrás de uma leitura light, relaxante e um pouquinho longe dos livros técnicos que leio regularmente, resolvi ler. E me surpreendi. O livro trás sim superficialidades e detalhes da relação de um dono com seu cão. Mas vai além disso: em muitos momentos se torna, além de engraçado, profundo e emocionante.
Eu, pessoalmente, gostei tanto porque me identifiquei em vários momentos com a história. Mesmo sem ter um cachorro e prefirir gatos como animais de estimação. Me identifiquei porque antes de tudo é um livro que fala sobre família. Este é o tema central. O dia-a-dia, o cotidiano, as alegrias, as dores, as batalhas, os filhos, o casamento, a profissão, as escolhas, o envelhecimento, o amadurecimento... são assuntos tratados no livro com extrema simplicidade e ótima narrativa. E, para quem está formando uma família, para quem sabe que não há bem maior nem alegria que supere o que é ter a sua família presente é um livro recomendável. Li em dois dias apenas.
E, como de hábito, de tudo que me passa, tento tirar algumas conclusões, pensar, questionar... E me despertou para a necessidade de valorizarmos cada instante, cada minuto, cada segundo que temos com aqueles que amamos... Infelizmente não somos eternos. E assim como nós, os outros também não são. E assim como os outros, os momentos também não são. Tudo é instáv
el, tudo sempre passará... E para quem ama alguém, não há bem maior do que a simplicidade dos momentos cotidianos e os momentos juntos. E todos nós temos os nossos afetos, as nossas famílias, os nossos companheiros. Mesmo que este alguém seja apenas um singelo cachorro.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Kant de minissaia

Simplesmente me senti assustada com tamanha atrocidade que estudantes universitários fizeram com uma colega de universidade na semana passada. Assisti o vídeo no Youtube e fiquei pensando, tentando entender o porquê ou os porquês de tanta selvageria. Para quem não acompanhou o caso nos jornais, a estudante Geysi Arruda, estudante de turismo da Uniban, em São Paulo, foi simplesmente humilhada e hostilizada pelo simples fato de ter ido à universidade usando um vestido curto. Daí fico pensando: como alguém pode julgar e ofender uma pessoa desta forma somente por uma roupa? Não consigo entender.
Se a sociedade é tão moralista assim, capaz de ofender e destratar uma outra pessoa pelo simples fato da sua roupa estar curta, como pode ser capaz, contraditoriamente, de assistir, aplaudir e achar o máximo "mulheres melancia", "dança do tchan", "tchutchucas", "créu" e outros lixos que andam por aí na
tela da nossa televisão brasileira? Não acredito que a roupa da aluna possa ter sido mais apelativa. E mesmo que fosse nada justificaria tal ato. Se formos seguir por essa lógica de pensamento, logo estaremos excluindo também àqueles que não estão com roupa da moda, que estão com roupas velhas e bregas. Cada um tem o direito de se vestir como quiser e como puder. E se a menina comprou o vestido, certamente sofreu influência da mídia que apresenta seus modelos a serem imitados. E então, por que a rejeição? Por ela ser universitária? Se fosse em um baile funk a roupa seria adequada? Não, na boa, não dá pra entender.
Assim como não entendo também não entendo que pessoas que estão em plena formação de um curso superior, que se esperava que já tivessem um mínimo de maturidade, de sentido de humanidade agissem desta forma.
A sociedade cada vez mais se esquece de uma palavra: respeito. Será que os agressores gostariam que suas irmãs, suas filhas, suas mães fossem tratados da mesma forma? Ninguém ali pôde desenvolver um mínimo de empatia, de se colocar no lugar do outro e tantar imaginar o que o outro esteja sentindo. Uma pena. Se eu pudesse dizer algo para esta aluna, diria que tentasse não se abalar pela agressão que sofreu, pois ali são todos seres inferiores, seres completamente ignorantes. Mas sei que ninguém passa por uma situação desta sem ficar abalado. Então não digo nada, mas torço para que ela supere, dê a volta por cima e conclua sua graduação. Para os agressores, só consigo me lembrar que devem ter faltado algumas aulinhas de filosofia. Se conhecessem o pensamento do velho Immanuel Kant, não teriam ajido desta forma. Mesmo que vissem Kant usando uma minissaia minúscula. Termino então com o famoso imperativo categórico kantiano:

"Age somente,segundo uma máxima tal, que possas querer ao mesmo tempo que se torne lei universal."

Ou seja, age somente de forma que possas querer que tua atitude seja imitada por toda a humanidade, que todos possam querer agir de acordo com a tua ação.