Sabe, às vezes penso que devemos ter um certo grau de loucura para conseguir sobreviver num mundo tão insano quanto o nosso. Quem totalmente racional poderia viver neste planeta?! Um mundo onde todo tipo de atrocidades são cometidas a todo momento, onde as coisas mais inexplicáveis simplesmente acontecem... Tudo é muito louco! É muito louco ver crianças na rua passando fome, pessoas matando por um celular ou qualquer outra bugiganga... Homens-bomba, neonazismo, pai que mata filha... meu Deus! Ainda bem que me resta esta loucura necessária!
Com isso, nos fala maravilhosamente Lygia Fagundes Telles:
“Selecionei as neuroses mais comuns e que podem nos levar além da fronteira convencionada: necessidade neurótica de agradar os outros. Necessidade neurótica de poder. Necessidade neurótica de explorar os outros. Necessidade neurótica de realização pessoal. Necessidade neurótica de despertar piedade. Necessidade neurótica de perfeição e inatacabilidade. Necessidade neurótica de um parceiro que se encarregue da sua vida – ô! Deus – mas desta última necessidade só escapam mesmo os santos. E algumas feministas radicais.” — in: A Disciplina do Amor
Daí, quem se escapa? Todos nós temos, no mínimo, uma dessas loucuras. Como bem diria Caetano "De perto ninguém é normal". Todos temos alguma loucura. É preciso um pouco de loucura. Num mundo como esse só ela pode nos oferecer um refúgio, um abrigo, uma válvula de escape.
Contudo, a própria Lygia adverte:
“Solução melhor é não enlouquecer mais do que já enlouquecemos, não tanto por virtude, mas por cálculo. Controlar essa loucura razoável: se formos razoavelmente loucos não precisaremos desses sanatórios porque é sabido que os saudáveis não entendem muito de loucura. O jeito é se virar em casa mesmo, sem testemunhas estranhas. Sem despesas.” — in: A Disciplina do Amor
Portanto, enlouqueçamos! Mas não não tanto a ponto de depender de atendimento psiquiátrico o tempo todo! Mais Platão, menos prozac! Enlouqueçamos com a loucura da filosofia, afinal de contas, todo mundo diz que ela "é coisa pra louco"!
Lembro do Cazuza falando "Eu vou pagar a conta do analista pra nunca mais ter que saber quem eu sou". Mas nisso eu discordo dele, saber quem eu sou é o máximo! Disso eu não quero fugir... Sócrates foi mesmo muito sábio quando propôs o seu célebre "Conhece-te a ti mesmo". Mas concordo com o Cazuza, esta busca pelo conhecimento de si também é uma forma de loucura. Quanto mais me conheço, mais conheço minhas loucuras...
Pois bem! Já que somos loucos mesmo, enlouqueçamos então! Um brinde à loucura! Um brinde às loucuras saudáveis!Enlouqueçamos... Enlouqueçamos de amor, enlouqueçamos de vida!Enlouqueçamos num lindo dia de sol, que possamos nos permitir sermos felizes! Façamos algumas loucuras razoáveis de vez em quando! Lembro de Nietzsche também lá no seu famoso Assim falou Zaratustra dizendo "Há sempre alguma loucura no amor. Mas há sempre um pouco de razão na loucura." Por isso, enlouqueçamos!
P.S.: Agradecimentos especiais à querida amiga Michele Moura, por ter me apresentado os textos da Lygia e por tantas e tantas conversas "loucas" :)
Com isso, nos fala maravilhosamente Lygia Fagundes Telles:
“Selecionei as neuroses mais comuns e que podem nos levar além da fronteira convencionada: necessidade neurótica de agradar os outros. Necessidade neurótica de poder. Necessidade neurótica de explorar os outros. Necessidade neurótica de realização pessoal. Necessidade neurótica de despertar piedade. Necessidade neurótica de perfeição e inatacabilidade. Necessidade neurótica de um parceiro que se encarregue da sua vida – ô! Deus – mas desta última necessidade só escapam mesmo os santos. E algumas feministas radicais.” — in: A Disciplina do Amor
Daí, quem se escapa? Todos nós temos, no mínimo, uma dessas loucuras. Como bem diria Caetano "De perto ninguém é normal". Todos temos alguma loucura. É preciso um pouco de loucura. Num mundo como esse só ela pode nos oferecer um refúgio, um abrigo, uma válvula de escape.
Contudo, a própria Lygia adverte:
“Solução melhor é não enlouquecer mais do que já enlouquecemos, não tanto por virtude, mas por cálculo. Controlar essa loucura razoável: se formos razoavelmente loucos não precisaremos desses sanatórios porque é sabido que os saudáveis não entendem muito de loucura. O jeito é se virar em casa mesmo, sem testemunhas estranhas. Sem despesas.” — in: A Disciplina do Amor
Portanto, enlouqueçamos! Mas não não tanto a ponto de depender de atendimento psiquiátrico o tempo todo! Mais Platão, menos prozac! Enlouqueçamos com a loucura da filosofia, afinal de contas, todo mundo diz que ela "é coisa pra louco"!
Lembro do Cazuza falando "Eu vou pagar a conta do analista pra nunca mais ter que saber quem eu sou". Mas nisso eu discordo dele, saber quem eu sou é o máximo! Disso eu não quero fugir... Sócrates foi mesmo muito sábio quando propôs o seu célebre "Conhece-te a ti mesmo". Mas concordo com o Cazuza, esta busca pelo conhecimento de si também é uma forma de loucura. Quanto mais me conheço, mais conheço minhas loucuras...
Pois bem! Já que somos loucos mesmo, enlouqueçamos então! Um brinde à loucura! Um brinde às loucuras saudáveis!Enlouqueçamos... Enlouqueçamos de amor, enlouqueçamos de vida!Enlouqueçamos num lindo dia de sol, que possamos nos permitir sermos felizes! Façamos algumas loucuras razoáveis de vez em quando! Lembro de Nietzsche também lá no seu famoso Assim falou Zaratustra dizendo "Há sempre alguma loucura no amor. Mas há sempre um pouco de razão na loucura." Por isso, enlouqueçamos!
P.S.: Agradecimentos especiais à querida amiga Michele Moura, por ter me apresentado os textos da Lygia e por tantas e tantas conversas "loucas" :)
P.S. II: para quem quiser "enlouquecer mais um pouco", ninguém melhor do que Erasmo de Rotterdan para falar sobre o assunto, em seu maravilhoso Elogio da Loucura. O texto está disponível em http://bandapoetica.files.wordpress.com/2008/02/erasmo_de_rotterdam_elogio_da_loucura.pdf