Para mim essa é uma das grandes riquezas do ser humano: a capacidade de ser e de se transformar. Tal como uma lagarta que sofre metamorfose e se transforma em borboleta, também temos essa possibilidade. Estar em constante mudança, em eterno movimento... essa é a vida! E Sócrates, sabiamente, sabia o quanto é difícil se autoconhecer, se autodefinir... Talvez por isso propunha em sua máxima Conhece-te a ti mesmo que buscássemos realizar este exercício. Eu ainda continuo sem saber quem eu sou. Um dia, quem sabe, porventura eu saiba... Ou nunca... Mas o mais certo é que eu passe minha existência inteira me questionando sobre isso sem chegar a nenhuma resposta concreta...
Deixo vocês com a linda poesia de Ferreira Gullar:
TRADUZIR-SE
Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir-se uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?
Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir-se uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?
O assunto de auto-conhecimento me intriga muito. Tua forma de expressão é muito boa. Acho que todos sofrementos desse mal que é aprender a conviver com as nossas metamorfoses. Inclusive tenho que elogiar o poema escolhido, mesmo porque é um dos meus prefiridos ... gostei muito de vê-lo no post. Parabéns (;
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