domingo, 4 de outubro de 2009

Utopia



Gostaria de poder me despir de todas as minhas possíveis aparências e que o mundo pudesse me ver exatamente como sou. Assim mesmo, com todas as minhas imperfeições, com todos os meus sentimentos mais humanos, simplesmente com os pensamentos e os sentimentos que tenho... Como diria Nietzsche, humano, demasiado humano...
Gostaria de poder enxergar as outras pessoas também assim: sem máscaras, sem rótulos, sem exercer papéis... Sem ser pessoas diferentes em diferentes lugares...
Como seria o mundo se fosse assim? Certamente seria um caos, pois temos sentimentos nem sempre simpáticos em relação às outras pessoas. Neste ponto, aquele sorriso sem graça que damos quando algo nos incomoda muito, apenas para manter a cordialidade, para que tudo fique sempre "bem" não teria sentido. Seríamos todos transparentes, incolores e necessariamente verdadeiros...
Já sei, é óbvio, isto é impossível. A moral exige que não nos mostremos. Fingimento é necessário para se viver em sociedade. Não tem como ser cem por cento verdadeiro sem magoar ninguém. Somos seres contraditórios: amamos e detestamos, nos mostramos e nos escondemos... Então chegamos a um paradoxo entre autenticidade e verdade. Quem dá mais?
Mas como não estou pensando em nada real, sigo pensando em como seria este mundo... E posso até ser ingênua, mas me seduz muito imaginar como seria este comprometimento com a verdade. Verdade com o outro, com o mundo e consigo mesmo. Congruência... Sinceridade... Lealdade...
Tudo o que é humano me atrai muito. Não só o lado belo, mas também o defeituoso. Sem carcaças, sem maquiagens, simplesmente alma... Alma e ser...

Pra ser sincero
(Engenheiros do Hawaii)

Pra ser sincero eu não espero de você
Mais do que educação,
Beijo sem paixão,
Crime sem castigo,
Aperto de mãos,
Apenas bons amigos...

Pra ser sincero eu não espero que você
Minta
Não se sinta capaz de enganar
Quem não engana a si mesmo

Nós dois temos os mesmos defeitos
Sabemos tudo a nosso respeito
Somos suspeitos de um crime perfeito,
Mas crimes perfeitos não deixam suspeitos.

Pra ser sincero eu não espero de você
Mais do que educação,
Beijo sem paixão,
Crimes sem castigo,
Aperto de mãos,
Apenas bons amigos...

Pra ser sincero não espero que você
Me perdoe
Por ter perdido a calma
Por ter vendido a alma ao diabo

Um dia desses
Num desses encontros casuais
Talvez a gente se encontre
Talvez a gente encontre explicação

Um dia desses
Num desses encontros casuais
Talvez eu diga, minha amiga,
Pra ser sincero, prazer em vê-la
Até mais...

Nós dois temos os mesmos defeitos

Sabemos tudo a nosso respeito
Somos suspeitos de um crime perfeito
Mas crimes perfeitos não deixam suspeitos.

Um comentário:

  1. Seria ótimo se pudessemos ser nós mesmos e mais nada. Penso que óbviamente a parte do convívio viveria um caos de início, mas como tudo na vida ... haveria de existir organização após a "degustação", digamos assim, desse novo sistema; porque não chegamos a tais "morais" para o controle da sociedade de imediato. Mas é um tanto quanto utópico mesmo chegar a esse ponto no momento. As encenações estam em alta no mercado de hipocresia. Infelizmente!
    Muito reflexivo e inspirador este texto (;

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